Entenda as coberturas de obras: RC Obras e Risco de Engenharia na prática
Em projetos de construção, entender as diferentes coberturas de seguro pode fazer a diferença entre uma defesa eficaz em caso de acidente e uma exposição financeira crítica. Duas das coberturas mais comentadas no mercado brasileiro são a RC Obras (Responsabilidade Civil de Obras) e o Risco de Engenharia (também conhecido como Contractor’s All Risks ou EAR/ CAR, em sua sigla internacional). Embora ambas atuem no universo de obras e engenharia, elas protegem aspectos distintos do empreendimento e, muitas vezes, são contratadas em conjunto para oferecer uma proteção mais completa. Abaixo, explicamos, de forma educativa e objetiva, o que cada uma cobre, onde se aplicam e como escolher entre elas ou combiná-las de forma inteligente.
O que é RC Obras?
A RC Obras é uma cobertura de responsabilidade civil voltada para danos a terceiros decorrentes da atividade de construção. Em termos simples, ela protege a empresa contratante, empreiteira, subempreiteiros e demais envolvidos na obra contra pedidos de indenização por danos materiais ou corporais que ocorram em razão da obra, quando a vítima for alguém de fora do estoque da empresa seguradora. Exemplos comuns incluem:

- Danos a propriedades vizinhas, como fachadas, jardins, calçadas ou estruturas adjacentes, provocados por estalos de andaimes, queda de objetos ou deslocamentos de solo durante a construção.
- Lesões corporais de pessoas que estiverem na área da obra ou em locais atingidos pela atividade, como pedestres ou trabalhadores de terceiros.
- Danos a bens móveis ou imóveis de terceiros que estejam expostos à área de influência da obra.
- Coberções relacionadas a responsabilização por falhas de terceiros — quando a empresa seguradora assume a defesa na esfera civil perante terceiros prejudicados.
É importante notar que a RC Obras não cobre, por si só, danos ocorridos dentro do próprio canteiro que não envolvam terceiros nem falhas de projeto. Em muitos contratos, a RC Obras é exigida pela parte contratante para assegurar que qualquer dano causado a terceiros durante a intervenção na obra tenha a devida indenização, sem que o empreendedor precise desembolsar recursos próprios para cada evento. Em termos de gestão de riscos, a RC Obras foca na proteção contra passivos que resultam de acidentes ou condutas que afetem pessoas ou propriedades alheias à obra.
Outra característica relevante é a relação entre RC Obras e subempreiteiras. Em geral, a apólice pode abranger responsabilização de todas as empresas envolvidas na execução da obra, desde que estejam incluídas no contrato de seguro. Em alguns casos, há a necessidade de adesão de todas as partes ao seguro ou a inclusão de cláusulas específicas para que a cobertura alcance todos os profissionais que atuam no canteiro. E, para alinhar expectativas com clientes e financiadores, é comum que a RC Obras esteja vinculada a exigências contratuais que estipulam limites de cobertura, reajustes de prêmio conforme o tamanho da obra e a vigência do seguro durante toda a execução, até a entrega das obras.
O que é Risco de Engenharia?
Risco de Engenharia, também conhecido como EAR (Engineering All Risks) ou CAR (Contractor’s All Risks), é uma cobertura multirisco voltada ao veículo de risco material da obra. Em termos práticos, ela protege o projeto, os materiais, as estruturas e as instalações no canteiro contra danos físicos diretos ocorridos durante a execução da obra. Entre as situações cobertas costumam constar:
- Incêndios, explosões, danos elétricos.
- Roubo, furtos e vandalismo de materiais e equipamentos no canteiro.
- Danificados por desastres naturais, como tempestades, granizo ou enchentes (quando cobertos pela apólice).
- Perdas causadas por falhas de construção, defeitos de material ou erro de execução em determinadas situações, desde que estejam amparadas pelas condições da apólice.
O EAR é frequentemente chamado de “ seguro contra riscos de engenharia” porque ele se aplica ao ativo principal do projeto: a própria obra em andamento. Ou seja, ele protege o investimento físico — a estrutura que está sendo erguida, os componentes, os acabamentos e as instalações temporárias. Em muitos cenários, o EAR pode incluir, como extensão, a cobertura de responsabilidade civil por danos a terceiros (quando contratada, ou quando o contrato exige), além de cobrir custos adicionais decorrentes de atrasos causados por danos ao empreendimento. Em suma, não é apenas uma proteção ao patrimônio, mas também um instrumento de gestão financeira que ajuda a minimizar perdas a partir de eventos que impactam diretamente o andamento da obra.
Principais diferenças entre RC Obras e Risco de Engenharia
Apesar de ambas atuarem no universo da construção, RC Obras e Risco de Engenharia protegem aspectos diferentes e se aplicam em fases distintas de um projeto. Abaixo estão as diferenças-chave organizadas de forma prática:
- Objeto coberto: RC Obras protege danos a terceiros advindos da atividade da obra (passivo civil); Risco de Engenharia protege danos ao próprio empreendimento e aos materiais/instalações no canteiro (propriedade segurada).
- Tipo de risco coberto: RC Obras foca em responsabilização civil por danos a terceiros; EAR/CAR cobre danos materiais diretos ao projeto e, muitas vezes, também oferece responsabilidade civil como extensão ou recurso adicional.
- Tempo de vigência: RC Obras tende a vigorar durante a execução da obra e pode ter continuidade até a entrega, conforme contrato; EAR/CAR normalmente cobre o período de construção, inclusive eventos ocorridos durante a demolição/entrega, dependendo das cláusulas.
- Uso típico: RC Obras é frequentemente exigida por clientes, incorporadores e órgãos reguladores para assegurar que prejuízos a terceiros sejam indenizados; EAR/CAR é exigido por financiadores, empreiteiros gerais e pelo próprio empreendedor para proteger o investimento no canteiro de obras.
Essa distinção é fundamental para evitar lacunas de proteção no canteiro de obras, pois cada uma cobre riscos distintos e, quando combinadas, oferecem uma cobertura integrada para as fases de construção.
Quando cada uma é indicada
Para entender melhor quando cada cobertura é indicada, considere os seguintes cenários práticos:
- Projeto de grande porte com múltiplos subempreiteiros e vizinhança urbana: pode exigir RC Obras para cobrir riscos de responsabilidade civil em relação a terceiros, além de EAR/CAR para proteger o ativo da obra contra danos físicos.
- Projeto financiado por bancos ou investidores: o EAR/CAR é frequentemente indispensável para manter o empréstimo, já que protege o valor do ativo e garante que o empreendimento não sofra perdas que comprometam a viabilidade financeira.
- Obras em áreas sensíveis ou com obras adjacentes de alto valor: RC Obras ajuda a mitigar riscos de danos a propriedades vizinhas ou a terceiros durante a execução da obra.
- Construções com alto grau de complexidade ou com grande movimentação de materiais: EAR/CAR é benéfico para cobrir perdas materiais, furtos e danos ao próprio canteiro, reduzindo interrupções e custos de reparo.
Em muitos casos, a combinação de RC Obras e EAR/CAR oferece a melhor proteção. Enquanto a RC Obras gerencia os riscos de responsabilidade civil envolvendo terceiros, o EAR/CAR assegura o ativo do projeto, incluindo materiais, equipamentos e a própria construção. Quando integradas ao plano de seguro do empreendimento, essas coberturas ajudam a manter a previsibilidade financeira diante de imprevistos e a cumprir exigências contratuais com clientes, reguladores e financiadores.
Tabela de comparação rápida
| Aspecto | RC Obras | Risco de Engenharia |
|---|---|---|
| Objeto coberto | Responsabilidade civil por danos a terceiros decorrentes da obra | Danos físicos ao empreendimento, materiais e instalações no canteiro |
| Coberturas típicas | Dan. materiais e corporais a terceiros; responsabilidade civil do construtor | Perdas físicas à obra, materiais de construção, equipamentos no canteiro; extensão de RC pode ocorrer |
| Quem contrata | Construtor, empreiteiro, subempreiteiros (em função do contrato) | Empreiteiro/consórcio e, frequentemente, financiadores |
| Exclusões comuns | Despesas com danos à própria obra; falhas de projeto não cobertas sem acréscimos | Desgaste normal, defeitos de construção não cobertos; exclusões específicas dependem da apólice |
| Vigência típica | Durante a obra, conforme contrato | Período de construção, com possibilidade de extensão para fases de entrega |
Como combinar RC Obras e Risco de Engenharia de forma eficaz
Para quem está gerenciando um projeto de construção, a combinação inteligente entre RC Obras e EAR/CAR costuma ser a melhor forma de reduzir vulnerabilidades. Abaixo, algumas práticas recomendadas para alinhamento entre as coberturas:
- Incorpore as duas coberturas desde o planejamento do contrato com every stakeholders, incluindo clientes e financiadores.
- Defina limites de cobertura que reflitam o tamanho da obra, o valor dos ativos envolvidos e a exposição a terceiros.
- Verifique a necessidade de extensões, como cobertura de transitórias de obras, responsabilidade civil de terceiros adicionais, ou cobertura de obras de subempreiteiros, para evitar lacunas.
- Avalie a possibilidade de incluir cláusulas de franquia, obrigações de notificação rápida e exigências de auditoria de sinistros, que ajudam a reduzir surpresas no momento de indenização.
Ao planejar o seguro de uma obra, é recomendável consultar um corretor experiente, que possa mapear as necessidades específicas do projeto, o regime contratual (incluindo contratos com clientes, concessionárias ou órgãos públicos) e as exigências de financiamento. Uma abordagem integrada — RC Obras para a responsabilidade civil e EAR/CAR para os riscos de engenharia — tende a oferecer uma cobertura holística, reduzindo a probabilidade de lacunas e aumentando a resiliência do projeto frente a eventualidades.
Além disso, vale mencionar que, em algumas situações, há políticas que agrupam as duas coberturas em uma solução única, com componentes de RC e EAR integrados. Nessas situações, a seguradora oferece uma única apólice com cláusulas que contemplam tanto a responsabilidade civil de terceiros quanto as perdas ao próprio empreendimento. Essa opção pode simplificar a gestão de seguros, reduzir custos administrativos e facilitar a comprovação de cobertura para clientes e financiadores.
Aspectos práticos e termos comuns que você pode encontrar
Para quem não está familiarizado com o jargão do seguro de obras, é comum ouvir termos como “perdas materiais”, “indenizações a terceiros”, “all risks” e “franquias”. Abaixo, apresentamos um glossário rápido para situar esses conceitos de maneira prática:
- Perdas materiais: danos aos bens materiais cobertos pela apólice, como estruturas, materiais de construção, equipamentos no canteiro e instalações temporárias.
- Indenizações a terceiros: pagamentos feitos pela seguradora como resposta a pedidos de indenização por danos a pessoas ou propriedades de terceiros decorrentes da obra.
- All Risks (all risks): abordagem de seguro que cobre a maioria dos riscos, exceto os explicitly excluídos na apólice. EAR/CAR é um exemplo de “all risks” para obras.
- Franquia: valor inicial que cabe ao segurado pagar em cada sinistro antes que a seguradora comece a cobrir. Pode ser ajustada conforme o risco do projeto.
Se você está montando um seguro para uma obra, é essencial que haja uma avaliação detalhada do escopo da obra, do orçamento, do cronograma, da localização e das interfaces com terceiros. Uma avaliação cuidadosa ajuda a definir os limites de cobertura adequados, as exclusões relevantes e as extensões que podem ser incluídas para atender às necessidades específicas do projeto.
Vantagens de contar com RC Obras e Risco de Engenharia
Selecionar as coberturas corretas não é apenas atender a uma exigência contratual; é uma decisão estratégica que impacta a continuidade do projeto. Abaixo, listamos algumas vantagens de ter RC Obras e EAR/CAR bem estruturados:
- Proteção financeira: reduz o impacto de sinistros, evitando grandes desembolsos de caixa e preservando o fluxo de caixa do projeto.
- Conformidade contratual: facilita o cumprimento de exigências de clientes, concessionárias, seguradoras das partes envolvidas e instituições de financiamento.
- Gestão de riscos integrada: permite uma visão única do risco, com sinistros encaminhados de forma mais ágil, melhoria de governança e tomada de decisão.
- Facilita o financiamento: instituições financeiras costumam exigir EAR/CAR para proteger o ativo da obra, aumentando a credibilidade do projeto na hora de captar recursos.
É comum que, ao planejar o seguro de uma obra, a equipe envolvida emite um anuência contratual com as seguradoras para alinhar coberturas, prazos e responsabilidades. Uma abordagem bem estruturada reduz atrasos e facilita a gestão de sinistros, tornando o processo mais previsível para todos os envolvidos.
Concluindo
Rc Obras e Risco de Engenharia são dois pilares importantes na proteção de obras e empreendimentos. Enquanto RC Obras atua na esfera de responsabilidade civil por danos a terceiros, o Risco de Engenharia protege o ativo da obra e os elementos que compõem o canteiro de obra. A combinação dessas coberturas, quando bem dimensionada, oferece uma proteção abrangente que cobre tanto as consequências financeiras de eventuais danos a terceiros quanto os custos de reparo ou substituição do próprio empreendimento em construção. A decisão sobre quais coberturas contratar deve levar em conta o porte do projeto, as exigências contratuais, as necessidades de financiamento e o apetite ao risco da empresa.
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